Então era assim

Tinturas e chapinhas longe
dos salões de cabeleireiros

Talvez porque a arte da tinturaria seja muito antiga, talvez porque demande infinita paciência, não sei. Mas fato é que, das muitas tinturarias existentes em São Caetano nas décadas de 60 e 70, a grande maioria pertencia a proprietários orientais. Lavar e passar roupas, tapetes, cortinas, tingir uma calça manchada ou uma camisa que amarelou: lá vinham eles, solícitos, avaliar a peça e dar o veredito certeiro.
Os ferros de passar roupa de então, mesmo aqueles usados nas residências, eram pesadíssimos. Só de encostar já desamassava, e lá ia a dona de casa aspergir a água colocada num copinho ao lado, justamente para facilitar o deslizar pela roupa e deixá-la ainda mais lisinha.

Chapinha - Curioso é que, nos anos 70, os ferros de passar tinham ainda outra função para as moças. A exemplo da analogia radinho/celular, no texto abaixo, aqui dá pra fazer a do ferro/chapinha. Isso mesmo: era assim, com uma toalha sobre o cabelo e o ferro passando por cima de ambos, que elas alisavam as ondas. Sem formol nem carbocisteína. O problema era entortar a cabeça na mesa ou, pior, queimar a testa e chegar na festa com um inusitado vermelhão (ainda não era tempo das ousadas tattoos para todos).... Mas faz tempo que as mulheres não se curvam a pequenos empecilhos se o assunto é vaidade....







A Era do Rádio

Há quem diga que que ter um celular hoje equivale a possuir um radinho de pilha antigamente. Pode ser. Mas antes dos radinhos de pilha, à época das válvulas ou dos aparelhos de galena, ter um rádio não era assim tão fácil: além do custo, era necessária permissão especial do governo, com pagamento de taxa e tudo mais, como mostram os documentos abaixo, de compra do aparelho e do devido registro com o nome do proprietário, sob fiscalização do Ministério de Vias Públicas. A necessidade de autorização só foi revogada no governo de João Goulart, a partir das diretrizes do código de telecomunicações.
Num tempo em que informação era produto raro, o rádio era considerado uma verdadeira arma, em especial durante e no pós-guerra. Muitos estrangeiros também aproveitavam o aparelho para tentar aprender a nova língua e fugir da discriminação cultural e política. Detalhe importante: o RCA comprado em 1953 ainda existe: faz parte de uma pequena mas conservada coleção que inclui aparelhos da década de 50 à de 70, entre rádios, vitrola, televisor e máquina fotográfica.



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