domingo, 10 de julho de 2011

Morre inspirador de 'A Vida é Bela'


Rubino Romeo Salmoni sobreviveu a campos de concentração na Itália e Polônia



Filme levou o Oscar em 1999




Morreu no último sábado, em Roma, aos 91 anos, Rubino Romeo Salmoni, o judeu que inspirou o roteiro do longa vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1999, A Vida é Bela, de Roberto Benigni. Salmoni nasceu na capital da Itália em 22 de janeiro de 1920 e foi enviado à Auschwitz, na Polônia, em abril de 1944. O campo de concentração serviu para o extermínio de milhões de pessoas, principalmente judeus, nos três últimos anos da II Guerra Mundial, no projeto batizado por Adolf Hitler de Solução Final para a Questão Judaica. Ele também passou pelo campo de concentração de Fossoli, ao norte da Itália, o que descreveu como o início da "longa viagem em direção à morte". Sua vida foi contada em diversos trabalhos, o mais recente deles, Ho Sconfitto Hitler (Derrotei Hitler, em português). "A cada manhã, você podia ver as pobres criaturas conectadas às redes com fios de alta tensão. Eles estavam cansados de sofrer e abandonados à misericórdia de Deus para acabar com o inferno da fome de cada dia", descreveu Salmoni, identificado durante a guerra com o número A1581 no braço.

Ao relatar sua trajetória Salmoni foi um dos principais responsáveis por chamar a atenção do mundo aos horrores praticados contra judeus na Itália durante a II Guerra Mundial, conflito responsável por acabar 60 milhões de vidas em seis anos, o equivalente a quase 1/3 da população brasileira, sendo 10% judeus. "Salmoni dedicou sua vida a manter viva a lembrança, certo de que só a memória pode ser capaz de impedir o retorno dos monstros do passado", afirmou o presidente da Câmara dos Deputados italiana, Gianfranco Fini. O filme A Vida é Bela relata os horrores dos campos nazistas e a esperança do principal personagem na vida, como forma de proteger o filho e a si mesmo de tamanha atrocidade.

Vida e morte de Maria Bonita

Maria Bonita: oito anos no cangaço ao lado de Lampião renderam fascinantes histórias, inclusive sobre os filhos do casal



A rainha do cangaço


No próximo dia 28 faz 73 anos que morreu Maria Bonita, a cangaceira mais famosa do Brasil, mulher de Lampião. Nascida no sítio Malhada da Caiçara, do município de Paulo Afonso, na época município de Glória, na Bahia, Maria Gomes de Oliveira já havia sido casada e morava na fazenda dos pais quando começou a namorar Lampião, com quem viveu durante oito anos. Eles tiveram filhos - uma delas seria Expedita Ferreira Nunes, deixada para um casal de amigos vaqueiros criar. E possivelmente mais um menino, embora também se cogite a possibilidade de gêmeos: a história é muito curiosa e cercada de mistérios, como descreve o pesquisador João de Sousa Lima:

"Das quatro gestações da Cangaceira, sabíamos apenas sobre Expedita Ferreira da Silva, ainda viva e residindo em Aracaju. Quando comecei a escrever o livro: "A Trajetória Guerreira de Maria Bonita, A Rainha do Cangaço", sempre que perguntava aos meus entrevistados detalhes sobre os gêmeos Arlindo e Ananias, irmãos de Maria Bonita, ou obtinha o silêncio por resposta ou escutava um curto e desafiador resmungar: Ananias não é irmão de Maria Bonita não! Tive que me desdobrar para conseguir alguém que me explicasse mais abertamente essa afirmativa. Durante dias busquei os informes dos familiares e amigos que conviveram com Maria Bonita nos conturbados dias do cangaço. Um dos primos de Maria, um senhor chamado Manuel Maria dos Santos, apelidado por "Seu Nequinho", um ex-barqueiro acostumado atravessar, junto com o pai, os cangaceiros que cruzavam o milenar Rio São Francisco, foi o primeiro a confidenciar: Ananias é filho de Lampião e Maria Bonita! Aqui todo mundo sempre soube desse segredo, agora que na época de Lampião quem era doido de andar com uma conversa dessa! Seu Nequinho ainda indicou mais algumas fontes que poderiam atestar o que ele estava dizendo e fui buscar a comprovação. Dentre as pessoas que fizeram seus relatos (e os tenho todos filmados para futuras comprovações) pode-se encontrar Servina Oliveira de Sá (prima de Maria Bonita), Eribaldo Ferreira Oliveira (sobrinho de Maria Bonita), os irmãos Osvaldo, Olindina e Maria Martins de Sá (primos de Maria Bonita), Firmino Martins de Sá (foi casado com a prima e melhor amiga de Maria Bonita: Maria Rodrigues de Sá), estes são alguns dos que confirmaram a história que se segue: Dona Maria Joaquina Conceição Oliveira, "Dona Déa", mãe da Rainha do Cangaço, estava grávida e por coincidência Maria Bonita havia engravidado quase que na mesma época. Por questão de aproximadamente dois dias, as duas mulheres viram nascer seus rebentos. Mãe e filha gerando vidas e fazendo crescer sua descendência. Pelas dificuldades impostas pela luta travada nas caatingas, onde cangaceiro vivia permanentemente em fuga, lutando contra as perseguições da polícia, filho era um entrave (…) Maria Bonita dera a luz, Lampião arquitetou deixar o filho com a sogra, para que ela criasse as crianças como se fossem gêmeas e assim aconteceu. O filho de Dona Déa ganhou o nome de Arlindo Gomes de Oliveira e o filho de Lampião e Maria Bonita foi batizado como Ananias Gomes Oliveira (…)".

Maria Bonita foi degolada em Sergipe, num ataque em que foram mortos também seu companheiro e outros cangaceiros. E, para lembrar dessas fascinantes histórias do cangaço, nada como ouvir a bela canção entoada por Gilberto Gil e Roberta Sá, Minha Princesa - em Canções, Vídeos e Mais.

Machu Pichu, mistério secular, pede socorro


Excesso de visitantes pode colocar o belo patrimônio inca em perigo



O último dia 7 marcou o centenário de descobrimento, pela civilização moderna, da cidade inca de Machu Pichu, no Peru, cuja fundação deve girar em torno de 600 anos. Construída a partir de complexas noções de astronomia e engenharia, Machu Pichu fica a cerca de 2.400 metros de altitude e sedia templos e locais sagrados daquela sociedade, cujos mistérios ainda não foram desvendados pelos homens do século 21. Em 1911 o arqueólogo americano Hiram Bingham descobriu as ruínas do que deveria ter sido uma cidade construída para esconder o imperador inca na possibilidade de uma invasão, e encontrou um vilarejo construído com complexos sistemas de irrigação e templos alinhados com os astros do espaço. Em 1987, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) elevou o local a Patrimônio Mundial, mas antes mesmo dessa classificação Machu Picchu já atraía milhares de turistas por ano.

Só no ano passado cerca de 800 mil turistas visitaram as ruínas. Para comemorar a ocasião e o sucesso da cidade, o governo peruano organizou uma série de eventos e celebrações oficiais, mas tanta popularidade começa a colocar em risco esse patrimônio, tanto que, em junho passado, a cidade nica esteve próximo de ser incluída na lista dos lugares em perigo da UNESCO. A polêmica já fez o governo peruano inclusive ameaçar fechar o local por um tempo ou ainda limitar o número de pessoas que poderiam visitar as ruínas por ano. Mas nada disso foi adiante, porque, segundo a Câmara Nacional de Turismo do Peru, 70% das rendas por turismo no Peru derivam dali, embora o dinheiro não seja revertido para a região. Na semana do centenário, uma comissão de autoridades da província de Urubamba, onde ficam as ruínas, viajou até Lima para reivindicar que o Estado solucione os problemas que a temporada de chuva do ano 2010 deixou na zona, onde várias pontes foram derrubadas, deixando povoações incomunicáveis.

Cem anos depois, portanto, Machu Pichu continua a encantar e pede socorro. Os muitos séculos que a conservaram aos nossos olhos e os homens que a fizeram merecem no mínimo esse respeito - o de que esse tesouro será preservado por seus pares em plena era tecnológica.

domingo, 3 de julho de 2011

Fundação Pró-Memória: uma história de duas décadas


A Fundação Pró-Memória (FPM) de São Caetano do Sul comemorou em junho 20 anos. Preocupada com o resgate e a divulgação histórica, a entidade inaugurou a etapa com ações e projetos na versão digital (site remodelado, facebook, twitter) e a meta de conscientizar novas gerações sobre a importância de conhecer a própria identidade pelo acesso à história local e regional. Nessas duas décadas, a cidade que a abriga passou por grandes transformações - a mais recente, uma verticalização abrupta, fruto da especulação imobiliária que praticamente pôs fim à arquitetura dos casarões ajardinados e colocou abaixo uma de suas últimas salas de cinema. Mas, afirma a presidenta da entidade, há entre os motivos a comemorar o amplo trabalho realizado pela FPM, como a publicação da revista Raízes e duas dezenas de livros; a recente criação do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Caetano do Sul (Conprescs) e o destacado interesse demonstrado pelos jovens em preservar a memória e a história do Grande ABC. Leia, abaixo e em Canções, Vídeos e Mais, a entrevista com a presidenta, exclusiva para este blog.

Memória e Sentimento - A Fundação Pró-Memória completa 20 anos. Que trabalhos e produções da entidade a sra. destacaria nestas duas décadas, e por que razões?
Sônia Xavier - A origem da Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul está no Museu Histórico Municipal, que já completou 50 anos. Nestes 20 anos de atividade, podemos destacar muitas atividades, projetos e ações da instituição. A começar pela criação de um Centro de Documentação Histórica, na década de 1990, formado por documentos textuais, iconográficos, eletrônicos, fotográficos e audiovisuais, que conta ainda com uma biblioteca com cerca de 3.000 títulos, entre livros, jornais, revistas, teses e monografias. O Centro de Documentação é aberto ao público e funciona como fonte de pesquisas sobre a história local e regional. A criação da Raízes, revista de cunho histórico, também é uma das mais importantes ações da Pró-Memória. Publicada semestralmente, já conta com 42 exemplares editados e é muito procurada por leitores, apreciadores das histórias; (há) depoimentos, artigos, entrevistas e crônicas. O projeto editorial da instituição contempla ainda a edição de mais de 20 livros no decorrer destes 20 anos, de diferentes autores e sobre temas variados como a história, as artes e as tradições de São Caetano do Sul. A organização de reuniões, conferências e encontros locais, regionais, nacionais e internacionais, resultando em inúmeros documentos históricos, também marcaram a trajetória da Fundação Pró-Memória, assim como projetos de pesquisas e escavações arqueológicas no bairro da Fundação, resultando em uma vitrine demonstrativa dos alicerces da primeira igreja da cidade. Este período marcou ainda a organização de duas edições do Congresso de História do Grande ABC e a participação em todos os outros congressos ocorridos na região. Outro projeto que merece destaque é a organização de agenda histórica. Desde 2004, a Pró-Memória prepara uma agenda, com um tema específico que faz referência a algum aspecto da história da cidade, e que contém informações sobre as principais datas comemorativas da cidade e as mais significativas. Podemos dizer ainda que, nestes 20 anos, a Fundação Pró-Memória organizou mais de uma centena de exposições sobre diversos temas, sempre com o objetivo de resgatar e divulgar a história da cidade. Com certeza, um marco na história da instituição foi a realização do projeto Caminhos da Memória, que trabalhou com o patrimônio edificado local. Após um levantamento dos principais pontos de importância histórica para a cidade, cada local recebeu uma placa em cerâmica com as inscrições “Bem cultural de interesse histórico”. Para divulgar e levar ao conhecimento da população com o objetivo de sensibilizar a todos sobre a importância da preservação das edificações, realizamos três caminhadas históricas.

Memória e Sentimento - A sra. acredita que houve uma integração entre a FPM e a comunidade local (São Caetano e região)? Que tipo de iniciativas são realizadas com esse objetivo?
Sônia Xavier - Sim, creio. Houve e há integração entre a Fundação Pró-Memória e a comunidade. Nosso objeto de trabalho é o patrimônio cultural e o estímulo para o exercício da cidadania, para o desenvolvimento do sentido de pertencimento em tudo que existe no meio ambiente. A comunidade nos apoia nos diversos projetos que trabalham com História Oral, identificação de fotos, das rodas de lembranças com suas memórias e suas relíquias, e participando intensamente de cursos e palestras. As conquistas da Fundação Pró-Memória se sedimentam na interação entre a pesquisa científica, os memorialistas locais e regionais, os técnicos da instituição e os munícipes.

Memória e Sentimento
- Há uma renovação entre os memorialistas da região? De que forma o jovem é despertado para o estudo e preservação da história? Como a FPM colabora nesse sentido?
Sônia Xavier - Acredito que estão surgindo, na região, jovens cada vez mais interessados em cultivar a memória e a história do Grande ABC. Percebemos isso em nossos encontros e também nos artigos recebidos para publicação na revista Raízes, muitos escritos por jovens. Há uma preocupação da Fundação Pró-Memória em colaborar para o desenvolvimento do interesse pela memória em pessoas mais jovens. Para isto, procuramos as universidades e escolas locais para diferentes projetos e parcerias. Já realizamos um projeto chamado Museu na Escola, que levava exposições itinerantes para instituições de ensino municipais, estaduais e particulares. Atualmente, estamos desenvolvendo o projeto Vamos contar nossa História, que trabalha com a Educação Patrimonial como ferramenta de trabalhar com os alunos a importância do patrimônio material e imaterial e sua própria identidade.

Memória e Sentimento - São Caetano sofre uma grande mudança arquitetônica nessa década, com a proliferação de construções modernas e o fim dos velhos casarões ajardinados. Recentemente até mesmo um cinema de bairro, já fora de atividade mas com sua bela arquitetura preservada, foi demolido para dar lugar a mais um prédio (Cine Colonial, bairro Santo Antônio). A FPM tem alguma autonomia no sentido de sugerir a preservação destes espaços? Há ou houve alguma iniciativa nessa direção?
Sônia Xavier - Este espaço teve uma pesquisa e um projeto para transformação do local em um Centro Cultural que abrigasse uma sala de cinema, teatro, auditório e até outras linguagens culturais, o que foi obstado pela especulação imobiliária e por não termos ainda na cidade uma legislação de proteção aos bens culturais. Realizamos a pesquisa e divulgamos o valor dos bens históricos locais, tanto através de publicações, folders, impressos e jornais e colocamos placas indicativas sobre a história dos bens sinalizados. Sentimos também a grande transformação da paisagem urbana e temos procurado trabalhar o valor do patrimônio material com a população, tentando ampliar a consciência das pessoas e o seu papel como cidadãos. Com a criação, recentemente, do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Caetano do Sul- Conprescs, e com a Fundação Pró-Memória fazendo parte dele, acredito que várias ações mais efetivas serão realizadas neste sentido.

Leia o restante da entrevista em Canções,vídeos e mais

Jorge Amado, voz imensa do Brasil

Comemorações do centenário de nascimento do escritor, em 2012, já começam a ser anunciadas



Jorge: política, literatura, polêmica e poesia na vida e nos livros


Falta mais de um ano, mas as comemorações do centenário de nascimento do escritor Jorge Amado (10 de agosto de 2012), um dos grandes da literatura nacional e cuja obra foi traduzida para mais de uma centena de países e idiomas, já começa a ser preparada em vários segmentos da sociedade. Entre eles estão o enredo de uma escola de samba, a Imperatriz Leopoldinense, e o trio elétrico carnavalesco comandado pela cantora Daniela Mercury. Na esfera política, há até mesmo um projeto de lei propondo 2012 como o ano Jorge Amado, em homenagem à obra de um autor que, como poucos, soube aproximar a literatura da alma brasileira. Para Jorge, segue a primeira homenagem desse blog – leia mais em Poemas do Tempo.

Bonequinha de luxo chega aos 50 com versão digital


Fútil e ingênua, personagem de Audrey Hepburn marcou época no mundo da moda



Audrey Hepburn como ´Bonequinha de Luxo´ no Museu de


Cera de Madame Tussauds de Londres; a seu lado, Clarissa


Os 50 anos do filme “Bonequinha de Luxo”, clássico de Blake Edwards estrelado por Audrey Hepburn, serão comemorados com a versão digital da película, cuja primeira projeção deverá acontecer no próximo dia 29 nos EUA. A restauração da obra foi a forma encontrada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood para marcar o cinquentenário.
Inspirado no livro do jornalista Truman Capote, o filme, que estreou em 5 de outubro de 1961 em Nova York, levou o Oscar de melhor trilha sonora e melhor canção por Moon River. E o estilo da personagem de Audrey, entre a inocência e a futilidade - com óculos escuros grandes, vestidos Givenchy, pérolas, cigarrilha para fumar e cafés à porta da joalheria Tiffany´s -, acabou por definir, no curioso mundo da moda, muito da palavra glamour, ainda que na irreverente década de 60.